Avaliação dos Impactos Socioeconômico e Ambientais, e a Dendrologia de Árvores de Populações Plantadas da Espécie (Paubrasília echinata Lam.)
Projeto Concluído
Nativa da Mata Atlântica, o pau-brasil (Paubrasília echinata Lam.) apresenta variações morfológicas e anatômicas. São conhecidos pelo menos três morfotipos, que diferenciam na morfologia das folhas recompostas, na anatomia da madeira e na coloração de seu cerne, sendo o cerne do morfotipo pequeno laranja, do médio avermelhado e do grande vermelho-escuro. O cerne do pau-brasil é utilizado na confecção de instrumentos de corda de qualidade singular, especialmente o violino. As grandes orquestras do mundo dependem dessa madeira e sua extinção comprometeria a qualidade musical das orquestras.
Para promover o reflorestamento do pau-brasil no Espírito Santo, visando benefícios ambientais e comerciais, a Secretaria de Agricultura do Espírito Santo (Seag), em parceria com o Instituto Brasil Verde e diversas prefeituras municipais, implementaram o Programa de Fomento Florestal, por meio do Convênio Seag 07/2004, distribuindo mais de 200 mil mudas dos três morfotipos de pau-brasil para proprietários rurais em vários municípios do estado. Vinte anos após essa iniciativa, a Seag, em colaboração com o Incaper, iniciou em 2021 o desfio de catalogar as populações dessas populações do pau-brasil plantadas no Espírito Santo.
O projeto teve como objetivo avaliar os resultados a longo prazo, os impactos socioeconômicos e ambientais, além da dendrologia das árvores de pau-brasil plantadas pelo Programa Fomento Florestal (Convênio Seag 007/04). As principais análises realizadas foram com relação aos polímeros de parede celular e carboidratos não estruturais de sua madeira. Os dados foram coletados diretamente nas propriedades dos agricultores beneficiários, ajudando a determinar a eficácia da estratégia de reflorestamento adotada na época e as interações edafoclimáticas que influenciam na qualidade da madeira e o desenvolvimento das plantas.
De acordo com os pesquisadores, o principal desafio durante o levantamento de campo foi devido à falta de informação sobre a localização das áreas implantadas com pau-brasil nos municípios. Essas informações estavam armazenadas nos escritórios locais do Incaper e nas Secretarias Municipais de Agricultura, mas o tempo decorrido de 16 anos e a modernização da informática resultaram na perda de algumas informações, com a trova de computadores e HDs.
Como principais resultados, a celulose e a lignina não apresentaram diferenças significativas entre os plantios intermunicipais. As variações nos níveis de hemicelulose entre os plantios podem ser resultado da contaminação das amostras por fungos ou das condições climáticas e do solo em cada local. A idade e o porte dos plantios não influenciaram os teores de compostos fenólicos complexos nos plantios adultos (15-27 anos).
Os teores de monossacarídeos da parede celular (xilose, glicose, galactose, fucose e manose) foram consistentes entre os três morfotipos em Domingos Martins, indicando que o tipo de hemicelulose é o mesmo entre eles. A maior proporção de xilose, seguida por glicose e galactose, sugere que as hemiceluloses de P. echinata pertencem aos tipos xilanos ou galactanos.